Reflexões




O NÓ DO AFETO
            Em uma reunião de pais, numa escola de periferia, a diretora incentivava o apoio que os pais deveriam dar aos filhos. Ela lembrava também que os mesmos deveriam se fazer presentes para os filhos. Entendia que, embora soubesse que a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhasse fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar ás crianças e atendê-las.
            A diretora ficou surpresa quando um pai se levantou e explicou, na sua humildade, que não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo durante a semana, pois saía muito cedo para trabalhar e o garoto ainda estava dormindo, e ao voltar ele já havia se deitado, porque era muito tarde.
            Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para poder prover o sustento de família. Porém, ele contou que isso o deixava angustiado por não Ter tempo para o filho, mas que tentava se redimir, indo beijá-lo todas as noites que chegava em casa, e, para que o filho soubesse de sua presença, dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia religiosamente, todas as noites, ao beijá-lo.
            Quando este acordava e via o nó, sabia por intermédio dele que o pai havia estado ali e o tinha beijado. O nó era o elo de comunicação entre ambos.
            Esta história nos faz refletir que existem muitas maneiras de um pai se fazer presente, de se comunicar com o filho, e esse pai encontrou a maneira dele. E o mais importante: a criança percebeu isso.
            Nós nos preocupamos com nossos filhos, mas é importante que eles saibam disso. Devemos nos exercitar nessa comunicação e encontrar cada um a própria maneira de mostrar ao filho a sua presença.
            E você, já deu um nó no lençol de seu filho hoje?




Queremos Homens Completos ou Meros Cidadãos?

A educação atual e as atuais conveniências sociais premeiam o cidadão e imolam o homem. Nas condições modernas, os seres humanos vêm a ser identificados com as suas capacidades socialmente valiosas. A existência do resto da personalidade ou é ignorada ou, se admitida, é admitida somente para ser deplorada, reprimida ou, se a repressão falhar, sub-repticiamente rebuscada. Sobre todas as tendências humanas que não conduzem à boa cidadania, a moralidade e a tradição social pronunciam uma sentença de banimento. Três quartas partes do Homem são proscritas. O proscrito vive revoltado e comete vinganças estranhas. Quando os homens são criados para serem cidadãos e nada mais, tornam-se, primeiro, em homens imperfeitos e depois em homens indesejáveis.
A insistência nas qualidades socialmente valiosas da personalidade, com exclusão de todas as outras, derrota finalmente os seus próprios fins. O atual desassossego, descontentamento e incerteza de propósitos testemunham a veracidade disto. Tentámos fazer homens bons cidadãos de estados industriais altamente organizados: só conseguimos produzir uma colheita de especialistas, cujo descontentamento em não serem autorizados a ser homens completos faz deles cidadãos extremamente maus. Há toda a razão para supor que o mundo se tornará ainda mais completamente tecnicizado, ainda mais complicadamente arregimentado do que é presentemente; que graus cada vez mais elevados de especialização serão requeridos dos homens e mulheres individuais. O problema de reconciliar as reivindicações do homem e do cidadão tornar-se-á cada vez mais agudo. A solução desse problema será uma das principais tarefas da educação futura.  
Se irá ter êxito, e até mesmo se o êxito é possível, somente o evento poderá decidir.

Aldous Huxley, in "Sobre a Democracia e Outros Estudos"


A escola dos bichos

Era uma vez um grupo de animais que quis fazer alguma coisa para resolver os problemas do mundo.
Para isto, eles organizaram uma escola.
A escola dos bichos estabeleceu um currículo de matérias que incluía correr, subir em árvores, em montanhas, nadar e voar.
Para facilitar as coisas, ficou decidido que todos os animais fariam todas as matérias.O pato se deu muito bem em natação; até melhor que o professor !
Mas quase não passou de ano na aula de vôo, e estava indo muito mal na corrida.Por causa de suas deficiências, ele precisou deixar um pouco de lado a natação e ter aulas extras de corrida.
Isto fez com que seus pés de pato ficassem muito doloridos, e o pato já não era mais tão bom nadador como antes.
Mas estava passando de ano, e este aspecto de sua formação não estava preocupando a ninguém - exceto, claro, ao pato.
O coelho era de longe o melhor corredor, no princípio, mas começou a ter tremores nas pernas de tanto tentar aprender natação.
O esquilo era excelente em subida de árvore, mas enfrentava problemas constantes na aula de vôo, porque o professor insistia que ele precisava decolar do solo, e não de cima de um galho alto.
Com tanto esforço, ele tinha câimbras constantes, e foi apenas "regular" em alpinismo, e fraco em corrida.
A águia insistia em causar problemas, por mais que a punissem por desrespeito à autoridade.
Nas provas de subida de árvore era invencível, mas insistia sempre em chegar lá da sua maneira...
Na natação deixou muito a desejar...Cada criatura tem capacidades e habilidades próprias, coisas que faz naturalmente bem.
Mas quando alguém o força a ocupar uma posição que não lhe serve, o sentimento de frustração e até culpa, provoca mediocridade e derrota total.
Um esquilo é um esquilo; nada mais do que um esquilo.
Se insistirmos em afastá-lo daquilo que ele faz bem, ou seja, subir em árvores, para que ele seja um bom nadador ou um bom corredor, o esquilo vai se sentir um incapaz.
A águia faz uma bela figura no céu, mas é ridícula numa corrida a pé.
No chão, o coelho ganha sempre. A não ser, é claro, que a águia esteja com fome !
O que dizemos das criaturas da floresta vale para qualquer pessoa.
Deus não nos fez iguais. Ele nunca quis que fôssemos iguais.
Foi Ele quem planejou e projetou as nossas diferenças, nossas capacidades especiais.




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